Plasma Rico em Plaquetas (PRP)

O que é o plasma rico em plaquetas (PRP)?

O sangue periférico, que é encontrado dentro dos nossos vasos sanguíneos é composto basicamente por plasma e células. O plasma é a porção líquida, correspondendo a aproximadamente 55% do volume total do sangue. O plasma é constituído, em sua maioria, de água e proteínas. Na parte celular, a composição é de eritrócitos (41%), células brancas tais como linfócitos, basófilos, eosinófilos, monócitos e neutrófilos (4%), e plaquetas (0,01%). 

O plasma rico em plaquetas (PRP) é definido como um pequeno volume de plasma sanguíneo contendo uma grande concentração de plaquetas, podendo ou não conter leucócitos.

Ele tem emergido como um dos principais produtos biológicos utilizados pela medicina regenerativa, tanto para o tratamento de lesões ortopédicas (ortobiológicos) quanto para outras aplicações. Na dermatologia, por exemplo, é utilizado para tratamento de queda de cabelo e alopecia.

Os ortobiológicos são produtos de aplicação clínica de materiais derivados biologicamente (sangue, medula óssea, gordura) com o objetivo de promover o reparo ou regeneração tecidual em doenças musculoesqueléticas. 

Embora o conceito dos ortobiológicos seja antigo, a maior parte dos avanços nesse campo foram realizados nas últimas duas décadas. Um grande número de estudos laboratoriais promissores mostra que esses produtos apresentam um grande potencial para revolucionar o próximo capítulo da ortopedia.

O PRP é obtido através da centrifugação de uma amostra de sangue periférico onde a separação das células e plasma se faz por meio das diferentes densidades. 

A primeira centrifugação tem como objetivo fazer a separação das hemácias – mais densas que ficam no fundo do tubo, camada de buffy coat (camada leucocitária) formada por células brancas de defesa, mononucleares e plaquetas que ficam na fase intermediária, e plasma – algumas plaquetas e porção líquida do sangue.

A segunda centrifugação tem como objetivo concentrar as plaquetas e as demais células da camada do buffy coat no fundo do tubo, por isso geralmente ela apresenta um tempo e velocidade de centrifugação maior. 

Realizando-se este processo somos capazes de concentrar as plaquetas e células de defesa em um pequeno volume de plasma, definição do plasma rico em plaquetas.

As plaquetas são pequenos fragmentos celulares obtidos a partir dos megacariócitos, e apresentam mais de 1.000 biomoléculas ativas.  Em seu interior, há os grânulos alfas e densos, além de outras estruturas intracelulares. Dentro dos grânulos alfas, existem os fatores de crescimento que são os principais alvos de estudo do plasma rico em plaquetas. Nos grânulos densos, há diversas proteínas de adesão como vitronectina, fibronectina, além de moléculas de adenosina difosfato (ADP). Todas essas biomoléculas são liberadas após a ativação das plaquetas e, juntas, atuam na reparação tecidual, promovendo a eficácia observada do PRP. 

Além da liberação de fatores de crescimento, as plaquetas ativadas liberam também moléculas como o fator derivado do estroma da medula óssea-1 (SDF-1, stromal-derived factor), responsável por recrutar células progenitoras da medula óssea para promover a regeneração tecidual no local da lesão. Junto ao SDF-1, o PRP também é rico em fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF, platelet-derived growth factor) e fator de crescimento endotelial vascular (VEGF, de vascular endothelial growth factor), moléculas indispensáveis na promoção da angiogênese e vasculogênese, ou seja, formação de novos vasos no tecido.

As plaquetas liberam ainda citocinas, quimiocinas, fatores de crescimento, o fator de crescimento de hepatócitos (HGF, hepatocyte growth factor) que controlam o recrutamento, proliferação e ativação de fibroblastos, neutrófilos, monócitos, células musculares lisas, células-tronco mesenquimais (MSC) e outros tipos de células criticamente envolvidos na cicatrização.

As biomoléculas e os fatores de crescimento, ao se ligarem à membrana de células alvo, desencadeiam uma cascata de sinalização que afetará tanto a produção de proteínas quanto a expressão de genes envolvidos com os processos de proliferação e mitose.

Estudos têm demonstrado a participação das plaquetas no processo inflamatório, na imunomodulação e na reparação tecidual, aumentando assim, o interesse em outras áreas, como a medicina regenerativa.

O plasma rico em plaquetas, por suas propriedades biológicas, proporciona efeitos anti-inflamatórios, analgésicos e regenerativos, sendo utilizado em diversas áreas da medicina.

O plasma rico em plaquetas pode ser usado para tratar uma série de quadros ortopédicos, como:

  • Condropatias/condromalácia
  • Osteoartrites/artroses
  • Tendinopatias/tendinites
  • Lesões ligamentares
  • Lesões musculares
  • Fraturas não consolidadas (pseudoartroses)
  • Bursites
  • Lesões meniscais
  • Fascites

 

A diferença entre um tratamento com plasma rico em plaquetas e os tratamentos com medicações anti-inflamatórias é que o PRP vai, além de tratar a dor e inflamação, estimular a regeneração tecidual.

Com isso, o paciente pode ter uma melhor qualidade de vida e postergar a necessidade de cirurgias e outros tratamentos mais invasivos.

O plasma rico em plaquetas pode, em teoria, ser realizado em qualquer local do corpo onde haja uma artropatia (lesão da articulação), uma condropatia (lesão da cartilagem), tendinopatia (lesão do tendão), lesão ligamentar ou lesão muscular, devendo ser um procedimento indicado pelo médico.

Os locais mais comuns para a aplicação do plasma rico em plaquetas são:

  • Joelhos
  • Ombros
  • Cotovelo
  • Punhos e mãos
  • Quadril
  • Tornozelos
  • Coluna

Como em todas as técnicas novas, a expectativa quanto aos resultados sempre tendem a ser maiores que o próprio resultado real.

Os principais resultados desejados com terapias de medicina regenerativa são a melhora da dor e da função. Estes são os desfechos mais estudados e avaliados, devendo ser os desfechos almejados pelo paciente.

Apesar de ser uma técnica de medicina regenerativa, e de relatos de caso e estudos terem evidenciado pequenas regenerações cartilaginosas e fechamento de pequenas lesões tendíneas, esses desfechos não devem ser os principais esperados pelo paciente.

A medicina regenerativa existe para melhoria de dor e função com técnicas minimamente invasivas, retardando ou diminuindo com isso a necessidade de cirurgias ou colocação de próteses.

O plasma rico em plaquetas pode ser aplicado através de uma infiltração as cegas ou guiada por ultrassom. Os benefícios dos procedimentos guiados estão descritos na área Infiltração Guiada por Ultrassonografia.

O procedimento inicia com a realização da limpeza do local de infiltração, chamada de antissepsia.

É realizada então uma anestesia de pele e tecidos superficiais, com uma agulha bem fina.

Uma agulha é então introduzida e deve chegar ao interior da articulação ou no local da lesão, sendo o uso do ultrassom essencial para a confirmação do posicionamento da ponta da agulha.

Na sequência, a solução de plasma rico em plaquetas é injetada através da agulha e deve se espalhar pela articulação ou na região da lesão.

O procedimento completo tem uma duração de aproximadamente 45 minutos, pois o preparo do plasma rico em plaquetas com suas duas centrifugações demanda um tempo aproximado de 30 minutos.

O procedimento é realizado sob anestesia local, devendo o médico executante realizar um pequeno botão anestésico na pele e tecidos superficiais antes da infiltração.

Dessa forma, o procedimento se torna menos doloroso e bem tolerado pela maior parte dos pacientes.

Este procedimento é realizado no próprio consultório/ambulatório, desde que o mesmo possua a estrutura adequada para o preparo do PRP.

Sim, podendo inclusive ser aplicado em associação com outras drogas ou medicamentos. Não é incomum que o PRP seja aplicado junto com o ácido hialurônico, por exemplo, que foi descrito em nossa página sobre Viscossuplementação.

O paciente que recebe o PRP deve ser orientado sempre quanto a exercícios físicos, reabilitação, dieta, controle metabólico e hormonal. 

Bloqueios de nervos também podem ser associados ao PRP.

A infiltração do plasma rico em plaquetas é um procedimento com baixos índices de complicação.

Os riscos do procedimento são os mesmos de qualquer tipo de injeção: persistência de algum grau de dor após o procedimento, sangramentos e hematomas, edema no local da infiltração após o procedimento, lesão de estruturas adjacentes e infecção. O uso do ultrassom reduz em muito esses riscos por permitir a visualização direta da agulha e do trajeto que ela realizará durante seu percurso até o local desejado.

O plasma rico em plaquetas, por utilizar células do próprio corpo do paciente, é um produto com baixa incidência de efeitos adversos.

Após o procedimento o paciente pode queixar de dor leve ou inchaço no local de aplicação, sintomas que geralmente desaparecem dentro das primeiras 48h após o procedimento.

Geralmente se recomenda repouso relativo quando o paciente persiste com dor, ou seja, o paciente deve evitar grandes esforços mas pode manter suas atividades habituais do dia a dia.

Por se tratar de terapia regenerativa com células, há uma acentuação do processo inflamatório local entre 3 e 7 dias após a aplicação do plasma rico em plaquetas, o que pode provocar dor ou edema no local de infiltração. Este processo deve ser informado ao médico assistente, porém se trata de resposta normal a aplicação do PRP, em especial quando se utiliza o PRP rico em células de defesa (leucócitos).

O uso de analgésicos simples ou a realização de compressas geladas por 20 minutos nos primeiros dias podem ser úteis para se minimizar os efeitos colaterais.

Manter o local de aplicação limpo e seco nas primeiras horas também ajuda a minimizar os riscos de infecção local.

O uso do PRP em países desenvolvidos como EUA, Europa e Japão é cotidiano, assim como qualquer outra terapia. Lá os meios regulatórios tem as suas próprias regras e condições de uso e geralmente duas formas de preparação do PRP são utilizados, os kits produzidos pela indústria e o “in house”, produzido pelo médico ou biólogo.

No Brasil o uso é permitido pelo Conselho Federal de Medicina como terapia experimental mas, devido a grande quantidade de trabalhos científicos de boa qualidade mostrando alto nível de evidência, este conceito deverá ser revisto em breve. Por enquanto é permitido uma vez que o serviço tenha projeto de pesquisa neste sentido autorizado por CEP (Comissão de Ética em Pesquisa) e/ou CONEP(Comissão Nacional de Ética em Pesquisa).

A técnica do PRP tem sido amplamente abordada em diversos congressos no Brasil e no exterior, com mais de 10 mil referências em estudos publicados no PUBMED.

No Brasil, a terapia com plasma rico em plaquetas é aprovada para uso pelos odontólogos pelo Conselho Federal de Odontologia.

Para mais informações ou para agendar seu procedimento de infiltração, entre em contato.